sábado, 31 de dezembro de 2011

CARTA A CAMINHA NO MEIO DO CAMINHO CAMINHA E CAMINHA


O bar é sempre um amor eterno

Mas eterno é o nada,
que não é nada
senão paradoxo de filósofastro-matemático-
poetastros ;
enfim,
alienações de "adam" (Adão grandalhão) ,
o ser "adamah" (ser humano )
- filho-esposo-neto-bisneto-tataraneto de "Hawa",
( Eva em hebraico do Tanach )
avos, avós, Eva
- e demais "evos" que prefixam-sufixam-significam
norteiam
orientam o tempo-bússola
ou o assinalam
assinando e sinalizando
uma carta a caminho de Caminha
no meio do caminho para as Índias das especiarias
de onde escreveu o escrivão da Coorte ...

O eterno é o nada de tempo, cronos,
nada de nada
nada rasgado
rabiscado no rascunho
pois sem tempo não há nada
em oposição diametral ao ser
( o ser é o Narciso do nada )

Sem tempo
nem vácuo
- vácuo paradoxalmente cheio de ar na esfera
pode transmutar
por sutileza
de antiga escolástica
à Duns Scott
e outros antigos e medievos
a concepção de esfera
pois quando é uma bola
a concepção de esfera
muda de figura
por causa do ar
que enche a bola
porque o conceito de esfera
a meio do caminho
ignora geometricamente
os pontos e segmentos de reta
no ar que infla a bola
e desfaz a esfera
ou desdenha e desdesenha a esfera
através da concepção euclidiana de plano
que vigora no vazio abstrato
dos seus postulados
ou de onde põe o ser
no mundo abstraído
de toda concreção
( A bola do meu neto
não é uma esfera
porque o filósofo grego Euclides
ao postular as ideias puras
na sua estética transcendental
retirou ou abstraiu do conceito
toda matéria
e só deixou
a energia da mente
que concebe a forma
sem o conteúdo material;
o seja, em pura ideia
desenhada nas figuras geométricas
que não mensuram o mundo
em parábolas-desvairadas-cartesianas
mas as desmensuradas ideias
e o nada
que está na outra ponta
do ser
- no não-ser
concepção do vazio
fora de plano
euclidiano.
Eis toda a ontologia grega
presumidamente )
Mas ( outro mas!
mas agora um "mas"
na curva do bar
ou debaixo da árvore do terebinto
que sombreia o bar
aonde se entra sombrio
mas não se sai sóbrio
mas sim sobranceiro
sob sombreiro )
Mas
me corrija o étimo hebraico
oriundo do escutar a voz do hebreu
pelo ouvido das vogais
agora sem vento de oboé
soprado pelas narinas
quando as almas vivas
animavam o corpo anatômico-fisiológico-químico-eletromagnético
do arameu errante
sempre em diáspora
mundo fora
mundo afora
("meu pai era um arameu errante"
dizia minha mãe
junto com todo o povo judeu )...

Vá, peço, no que peco!,
vá perquirir a etimologia correta
e faça-me o favor
de alertar-me com um rol de erratas
mormente para quem já não pode beber,
fumar já não pode...
nem tampouco fugir no cavalo preto do apocalipse
pois meu sonho é ser o cavaleiro negro
espada em riste sobre o monte Armagedom
em Megido
no dia do Senhor do profeta Oséias
anunciado pelo profeta Amós

Mas ( outro "mas' intercalando a frase )
só posso ser José ou João
e "ninguém" mais
nenhum outro João-ninguém
que não eu mesmo
dentro e fora do bar
e do bar-bar dos bárbaros
no bar

Sim
Sou João, portanto;
"mas" nenhum portento,
nenhum São João,
( nem Batista, anabaptista ),
ainda sem aura ou auréola de santidade
que isso demanda um processo canônico

Para ser um João santo
há mister de milagres
e o requisito de morte do escolhido
( e não conheço ninguém que queira ser o escolhido! )
porquanto somente depois de morto
quando não se pode mais fazer mal a ninguém,
o ser espoliado
pode servir "eternamente" aos vivos
de pasto e repasto político
- mais, muito "mais" e "mas"
muitos "mas" e mais :
às mancheias de ases
no jogo de baralho
entre trapaceiros polidos
políticos
( Mas se há um ou vários "mas"
que pode valer valete junto ao sim
que assinala o cumprimento da ordem jurídica
descida em judicial
descaída em judicante
se existe um tal "mas"
que passe incólume pela norma culta...
por que então
não pode haver "mases"
que não vem para males
no plural?!
Não poderia a gramática
livrar-se do peso
de toda sua norma culta
colocada sobre os lombos dos burros
e livre como o verso livre
- obter licença poética
para todas praticar?!
Poderia ser ou não-ser assim?
Qual a questão do ser?:
A questão do não-ser?
"Seria" simplesmente por causa "jurídica
às vezes duas vezes as causas jurígenas"
multiplicadas
ou seria a gramática
um ordenamento jurídico
por dentro podando o ser pensante
no escrevente
no escrivão Caminha
e no escritor
da mais livre poesia
de Manuel Bandeira
que despreza o lirismo amarrado?
Ou senão
ou se sim
imaginemos matematicamente
que poderia vir a ser
o caso dos "noves fora zero"?!
- cuja tradução livre
ou versão
poderia ser, grosso modo,
um " nós fora dos nós górdios"
que enlaçam os gordos de poder político-econômico-histriônico-babilônico-...
a esse mesmo poder histriônico-babélico
na graça do ranço das velhas histereses
que rondam pás de moinhos de vento...

Mas ( é muito "mas'! )
se houvesse longe-livre-ermitão da gramática política
uma economia de "mas" livres
com ou sem (?) plural nos "esses" (s)
e que não fosse escrito em língua maldita de "ss"
pois esses "esses" (s) unidos
é de essência nazista
demoníaca ( possessos ss
- silvo de serpente no Éden
sobre o qual palmilhamos em vida )
- esses "esses" ou dois "esses (ss)" unidos
dão em estados unidos
para o crime de guerra
e espionagem com "drones"
a fim de perpetrar
a odiosa teoria e práxis política
como todas, aliás,
as teses e práxis políticas
dos políticos
( alguns homens com poder de crueldade
sobre o próximo e o distante samaritano)
- práxis emanadas de doutrinas nazistas
- puros nazismos ou fascismos
em fuga da palavra
que falam e escrevem contrapontisticamente
ao que é a prática
( são contrapontos de práxis e práticas
mas não de pragmas
nem tampouco de pragas
- pragas que não Praga
uma capital enclavada na Europa )
Tais doutrinas para empalamento
vão a galope ligeiro
cavalgando pela realidade cotidiana
das democracias a cavaleiro do nada
A cavalo no alazão e no baio
um ginete amarelo de outono em assustadora madurez

Nenhum regime entra na economia salvífica.
Então, que tal um plural assim : "mass"?!
com inocentes letras "esses" (ss )
que não querem ser símbolo
aberto em asas para voo
em cruz suástica
quando tal cruz
vem de um Hitler
em eterno poder de fogo?!
( Há outros seres humanos
de bigode ridículo
e discurso inflamado
e atitudes deletérias... )

Um ser humano
- um que seja!
e por pior que seja em papiro!
não merece um nazismo
nem outro fascismo
nem sionismo ou anti-semitismo
nem tampouco as democracias atuais!
- que se proclamam tais
nas matracas midiáticas por aí
as quais não passam
( ambas! )
de nazismos-fascismos hipócritas
imersos nas águas da besta-peixe-fera
nos aquários astrológicos-astronômicos das instituições
sob rígidas leis romanas
- em "duralex" de opressor para oprimido...
com um exército cujos generais
são Hitler e Mussolini
senhores da guerra
e das forças armadas
cada vez mais armadas e odiadas
- com "unhas e dentes"
extensos nos artefatos bélicos
que defende o poderoso
e esmaga o frágil
com um tanque de guerra
ou um helicóptero apache
de estados unidos constituídos para a defesa de alguns
que se acham acoplados ao topo da pirâmide
e o massacre da maioria
na base
soldados
peões
no jogo do xadrez
- estratégia que põe o preto-no-branco
e, destarte, o que é sub-ser
no homem animado pelo animal
que domina a selva em silvo interior )

Sim
sou João
orgulhosamente
ostensivamente João...
Mas e José
- para onde foi?!...
Perdeu-se
na noite negra
sem vaga-lume mínimo
a por o caminho
que nada na mente escura do ginete negro
alienado
vendido no mercenário de estado
no médico e no zelador
no falso profeta
poeta cientista atriz meretriz...
Ou tudo isso pensado a esmo
não seria tão-somente
um contraponto
que faz funcionar minha mente
contrapontística
e em punção para fuga de água da pleura
e de Bach
- polifônico Bach!,
senhor da musa Polímnia
que dança na música
com Melpômene
( Polifonia em musa em Dostoievski
Kandinsky... : Oi Kandinski! ,
odeio Gengis Khan!)

O mundo é um contraponto
em repiques
responsos
e para responder a ele
ser responsável
e consequentemente livre das peias
preciso ser um contraponto
do mundo
como está
e sempre esteve
- em estado de calamidade!
em petição de miséria
um tição do cão
Maior ou Menor
na sua filosofia
e práxis dela
( Fim da dissertação-discussão
do sexo dos anjos plurais
na conjunção "mas"
- perfeita na circunferência
que fere e produz a esfera
na geometria euclidiana
a menoscabar o ar
que enche a bola do menino
- e de Pelé
mas não entra nos postulados de Euclides
o filósofo que primeiro pôs o ser no mundo
pela geometria
quando abstraiu as figuras
dos seus conteúdos
e as colocou num mundo de formas
que são as ideias
as quais não possuem matéria
mas somente formas )

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

MUSA ( wikcionario wiki wik wikisource mitologia wapedia )


O homem é Giorgio de Chirico!

Solitário passo entre as casas
- Sou Giorgio de Chirico!
O homem que sou
é um de Chirico...:
um Giogio de Chirico!

Em solitude absoluta
passo com o sapato
cujo chiado em atrito com o solo
canta a solidão relativa
reativa
ratificada
pela cantaria obrada em desenho de gárgula
no canto debuxado nas pedras
da igreja cujo cantochão
canta ao rés-do-chão
- ao rás do chão...,
razoavelmente

Passo no passo do sapato
que recolheu pedras no caminho
de Carlos Drummond de Andrade
cavalgando a mulinha do leite
qual fosse outro Dom Quixote de La Mancha,
digo : das minas gerais
de Minas Gerais
dos campos gerais...

Olhos d´água me molham o verso
- olhos na água que me espelha
e especula-me a solidão pétrea
de um Narciso-monge-cartuxo

Mesmo quem me toca
- toca-me tuba trombone saxofone
violino piano
ou instrumento de percussão
porquanto o homem carrega-os em si
no si musical da Musa
que inventou a música
o músico e o instrumento musical

Contudo Musa que é musa
é criatura de homem
- o criador da não-natureza
na cultura
objeto de estudo
para astuto etnólogo
empós etnografia de Malinovski
nas Ilhas Trobriand
assentados sobre atóis coralinos
( porém prefiro imaginar
a Polinésia para os Argonautas do polonês
- nautas em outras plagas
Melanésia Micronésia
território de Guam... )

O homem
o monge
o solitário...:
sou Giorgio de Chirico
e na minh'alma
a solidão tem tal acento tônico
tal tonicidade grave
que quando beijo
não me beija ela
pois quando ela beija
não há beijo meu
em correspondência
porque o beijo de Klint
nem o meu
nem tampouco o beijo dela
por mais sequioso ou ávido
que estejam os lábios carnudos
no vermelho do batom
não pode ser correspondido
- que é a solidão do homem
é barreira intransponível
ainda para a mulher amada! :
Ou o filho e a filha queridos
amados entes
( O ósculo e o amplexo
é sempre o de Heitor e Andrômaca
na escultura de Giorgio de Chirico
que olha para a perspectiva
do impensável filosófico
retratando a melancolia profunda
afiada pelo outono à tarde
- Ah! tudo é muito tarde!
para qualquer gesto desesperado
- de Klint! )

O homem sou eu
- e eu sou Giorgio de Chirico! :
ou a solidão nefasta
de Giorgio de Chirico
segue-me como sombra
sombria na noite fria
pintada a Joan Miró
na melhor noite
da solidão espasmódica da mulher
- dentro da vela da noite escura
no breu das trevas
com negro batom,
nigérrimo esmalte nas unhas
para arranhar a tez

Eu sou o homem!
- sou Giorgio de Chirico
em vasta e impensada solidão :
lancinante solitude noctambular!
Errante entre os noctívagos
vagos vagabundos vadios
errabundos vaga-lumes

Sozinho na vela da treva
navego no barco à vela negra
rompendo a treva espessa
guiado pela esguia enguia
que enche a barra da alva
na flor de laranjeira
que odora o ar
- que adora o vento
com sua fragrância
a incensar a brisa
em noite negra
na qual sigo impensável
a cavaleiro de mim
- no meu rasto
que é o único
que posso ver ou ler no chão
quer faça treva ou luz
preto no branco
do xadrez no claro-escuro
do dia e noite
vida e morte

Sou Giorgio de Chirico
em cada solidão pintada!
- e ninguém tem poder
para atravessar esta solidão espessa
entre mim e o mundo

Entre os outros seres humanos e eu
há uma barreira interposta...:
- inviolável fortaleza!

domingo, 25 de dezembro de 2011

AZO)wikcionario wiki wik dicionario etimologico enciclopedico aurelio hoauis)

Passando por um renque de árvores
com pássaros cantantes
logo acima do cananeu
que não era eu
senti vontade de ficar ali
parar ali
para sempre
se a locução adverbial "para sempre"
existisse
fosse fato
e não ato pensante-pensado
e, concomitantemente, estivesse
fora do vocábulo
porquanto a existência está por fora
do outro lado da alma
espelhada em Alice
jogada e perdida no mundo
para onde foge o ser
na alienação do homem
enquanto a essência vai por dentro
roendo a vida com radicais livres
corroídos por anti-oxidantes

Quedar ali embaixo da ramagem
sentado no Buda
que sou
- que somos todos os indivíduos... :
Louco de pedra-pome,
doido varrido,
sentado em lótus
sob a alêia aléia alameda
álamo bulevar ambulacro...,
ó Manuel Bandeira!...
- senhor de tantas andorinhas!
mas que não obstante
tanta andorinha e tanto tamanduá-bandeira
não me ouve mais
porque extinto está
debaixo das ervas daninhas
sob pedra tumular
solo sobre o qual outrossim
não mais palmilha Drummond
pelo caminho da pedra
em meio ao caminho do pé
calcado no sapato torto
( o sapato velho é um torto anjo
que dá azo ao azar
e a bazar de quinquilharias )
Ambos os poetas
hoje são
o que não não são
nem tampouco estão sãos
nem são em São Petersburgo
nem ser nem santos
nem corre processo canônico
conquanto já jazem
em jazigos estão
abaixo da pedra do burgo
da pedra de Pedro
da pedra São Pedro
e da pedra que havia
a meio caminho do sapato
florido em Mário Quintana
escrito na carta de Caminha
a caminho das especiarias
e da pedra que é
o seu corpo desfeito
decomposto
na cal do osso
com o resto da alma
no sopro restante
presa nos ossos
entre ossos encerrada
sonhando com um soprador
um tocador de tuba
que a expire dessa flauta
na dança dos signos no ar
escritos em parábolas senoidais
bailarinas-musas no vento
Todavia tudo
o que descrevi
foi só um momento
que ficou engasgado no tempo
em pedra de descaminho
- para caminhar descalço
carmelita
sobre elas a caminho
para a planície do Esdrelão
- um instante de apedrejamento íntimo
( ou de liberdade cínica
- Total?!
Total só no ideal
no real não )

Foi num tempo para semear
tempo no semeador
que fiquei ali plantado
sob chuva
junto à aleia e as ervas
à sombra da alameda
doido de jogar pedra
- pedra a caminho
de Eras geológicas
profetizada em geóglifos

domingo, 11 de dezembro de 2011

CEGONHAS (wikcionario wiki wik wikidicionario wikipedia wikisource)

Poetas olham para bar
enamoram-se do bar
flertam com bar
mergulhado à sombra das telhas
quando a tarde vai navegando do zênite
ao nadir
- que começa a nadar
no rio negro das trevas
vendadas nos trevos cegos-cegonhas
que aplainam os caminhos
de Pero Vaz de Caminha
em carta às ervas-hortelãs do rei
de Portugal e Algarve

Poetas são bêbados contumazes
Adentram recinto de bar
sóbrios-sombrios
com sombreiros
e saem sobranceiros

Erram de bar em bar
a ouvir o bar-bar dos bárbaros

Quando não estão embriagados
inebriados com a vida
soluçam na escrita
de versos
vivem de versos
por versos
em versos
põe o que não é poesia
mas escrita hieroglífica-geoglífica-alfabética
da poesia surda-muda....
( Esta é uma maneira odiosa
de não viver de fato
mas sobreviver por procuração
ou teatralmente
no bufão-truão-histrião
que encarna
ou representa por escrito
na tragédia de escrever poesia
- que embora não seja um morrer
é um não-viver
uma sobrevida em andrajos
( O poeta quando escreve
já não bebe
já não fuma
- já não vive!
Apenas lembra do ébrio que foi
na infância ou juventude
maturidade ou velhice
Faz da poesia escrita
um lembrete de vida
- exercício mnemônico )

Toda minha poesia
é ilegível
e não está escrita
em antologia
ou ontologia
- A poesia prescinde do escriba

domingo, 4 de dezembro de 2011

NAZCA (wikcionario wiki wik dicionario terminologia terminologico )


O conceito de negócio jurídico desenha geometricamente ( todo desenho desde Euclides é geométrico, mensura e contém formas ideias de figuras delineadas com "lápis" sobre o perímetro dos corpos figurados, sendo a geometria abstracção do conteúdo e concretização da forma : ideia desenhada, concebida sem pecado, no jargão da Igreja, a "Mater e Magister" do indivíduo ocidental em assembleia : comunidade ) um ato, que, após desenhado (tomado em corpo hipotético : hipótese, sob a abstração dos signos da língua-escrita ou cantada em coro na tragédia comunitária com seus atores-personagens ou hipócritas, que somos todos em sociedade, porquanto o viver social é um conviviver que exige personagens rígidas, desumanizadas, varadas pela imaginação da baixa literatura de Agatha Christie e Conan Doyle e não da alta literatura de Dostoievski, Tolstoi, Dickens, Machado de Assis ) se põe no mundo enquanto fato consumado.Fato é sempre a consumação de ato ou atos enlaçados, trançados no vime, encadeados .
O negócio jurídico, aparadas as filigranas dos doutos, é um negócio como outro qualquer, apenas amparado ou estribado em lei, ou que se passa sob a forma prescrita em lei. Ritos do contato e do testamento.
Todo testamento é m negócio jurídico, inclusive o Velho e o Novo Testamento bíblico, que nos remete e destina a um legado e a uma herança social e, ao mesmo tempo, é um contato social da lavra de Rousseau e da exegese de Hobbes, no "Leviatã". Enfim, um pacto, o tal contrato genérico, que se presume universal, porquanto direito é mais presunção que realidade "cognoscitiva" ; se não for muita presunção, total presunção! E nada mais que isso, fora do rito imprimido pelo princípio da razão suficiente, que presunção bastante para se pensar e fazer de tudo com o outo, desde que esteja dentro do âmbito da lei, a nova deusa e tirana, o novo despotismo, que é novo somente na aparência .Porém antes da lei emergir, vem o costume, onde se funda, onde tem pé a legislação vigente e revogada, essas deusas e senhoras das gentes e dos indivíduos. Nossas Senhoras dos Pavores dos pobres e oprimidos, protetoras do ricos e poderosos! .
Lei não fundeada em costume é lei sem âncora, ideal romântico; contudo, tal romantismo traz no bojo algo de malícia ou até maldade ( perversidade social ) e candidez angelical , ou candidez na mensagem.Aliás, "a mensagem é o meio " e o anjo ( a lei é um,a mensagem, antes de tudo : carreia dois fardos, para dizer do corpo ou alma dicotômica do pensamento que aflora na comunicação da realidade-idealidade, na qual vive o homem em corpo, alma (sem alma ou vida soprada no oboé das narinas pelo anjo torto do vento em curvas sibilinas-sibiladas, em silvos de serpente na selva ou savana africana) e espírito (sopro hebraico, da língua hebraica na boca do hebreu).
O homem, enquanto indivíduo pobre e submetido, vive sob o que "vige" a lei, que é a expressão da vontade dos que detém o poder político, que é econômico, científico, jurídico : são todos os poderes de fato e de direito, conquanto não de direito puro, ideal, enquanto ideia não alienada no mundo dos donos da sociedade e suas pertenças, dentre as quais o direito é uma, as obras de arte outras tantas e assim as fêmeas e os direitos conquistados sob o gume da espada do direito, que se passa a chamar justiça quando alguns homens remunerados com soldos ou vencimentos de magistrados representam o povo rico, contra o povo pobre e miserável, que sobra em votos nas urnas e nos esgotos, junto aos ratos e ratazanas.
A sociedade sempre foi assim : campo de ignomínia. Leia o Velho Testamento!, sem olhos de ovelha ou pastor ou doutor : com olhos de homem e mulher livres, não alienados pela quantidade de dinheiro ou cargos e encargos sociais que pesam sobre as espáduas.
E se se fala em negócio jurídico é porque há negócios escusos, que turbam as águas claras do direito dos justos e lançam âncora no mercado negro, o qual explora a parte sombria do direito : o direito negro, que faz a sombra do mercado negro, onde sobrevive a grande maioria, mormente nos países de altos índices de pobreza e desigualdade sócio-econômico, ou seja, de injustiça.Onde a injustiça grassa, é uma peste endêmica-epidêmica.
A injustiça é a falência, não ideal, mas real, concreta, não da justiça, que "existe" apenas enquanto concepção pura, ideal, mas do ordenamento jurídico como um todo coordenado , que, assim posto e executado, cuspido e regurgitado, cobre todo o território da nação, estado ou pais , distorce o real em ideal, colocando leis belas, que são pura poesia ou odes aos direitos humanos, quando deveria ser prática e práxis social, não o ideal "nobre" e humanitário, mas a realidade nua e crua.
O mercado negro faz o direito negro e movimenta a injustiça, a qual constrói a sociedade, é a práxis social, que contraria o pensamento ideal do iluminista tardio : Marx. O mercado negro e o direito negro polariza a maniquéia que, destarte, movimenta o direito, através do morto em paradoxo.
A justiça e injustiça, o positivo e o negativo, o macho e fêmea são maniquéias que movem o corpo social e o corpo natural em função matemática-maniquéia infinita, no símbolo, que é o único infinito e o único nada, pois apenas é, mentalmente, e não existencial. O ser é mental, mas nem sempre é ente ou coisa na existência, fora da essência da mente geometrizante.
A doutrina do maniqueísmo, dual, não se exprime somente na tensão entre o bem e o mal, mas extravasa essas polaridades e cria outras polarizações. O maniqueísmo é a doutrina do conhecimento, fundada na inteligência do homem ou na leitura que o homem e o animal fazem da natureza. A sociedade e o indivíduo são efeitos da maniquéia, dessa inteligencia percebida em natureza e transformada pelo homem em conhecimento, o qual é uma parte ínfima da sabedoria ou do saber vigente na inteligencia do homem e do animal, fruto da natureza dada a todo ser humano, quer seja esse "humano" homem, animal, vegetal ou mineral.
Aliás, a sociedade funciona em maniquéia, é uma máquina maniqueísta, cujas polaridades se dá e se esgota nos choques que absorvem as individualidades, embates esses que levam aos contratos ou pactos ( sociais ), cuja função é regrar a luta, socializá-la, normalizá-la ou metamorfoseá-la nos esportes, que é um rito estritamente social, que cumpre função social, socializante, ainda quando o que exprime é, aparentemente, solilóquio, tácito, unilateral, tal qual as demais formas de socialização ; a saber :os dramas representados no teatro, nos tribunais, nas novelas, enfim, nas instituições sociais, no lar.

sábado, 3 de dezembro de 2011

ESFEROIDE (wikcionario wiki wik dicionario etimologia enciclopedia wikipedia )

Todo o direito é um negócio jurídico ou se desdobra nisso, nesses atos que levam a fatos. Todavia, essa lindeira idealidade com a realidade, a idealidade, não existe ( não está fora da ideia, nem sequer limite de fato com a realidade, mas apenas de "direito" : é mera presunção intelectual); está apenas em essência, no pensamento, na ideia, esfera do ideal, geometria pura, primeiro desenho da ideia enquanto conceito, concepção imaculada da realidade ( a realidade, a maculada realidade! : maculada pelo fenômeno, pelo processo fenomênica, que mancha a imagem e até entorta as linhas da geometria em curvas de Descartes-Einstein.
Essa idealidade, essa ideia platônica, guardada em relicário na esfera onírica, que é a esfera da geometria, sem curvas até Descartes em parábolas que consertam/concertam a recta, o seguimento de recta, que se curva à inteligencia de Descartes-Einstein e outros geômetras-filósofos não-euclidianos, não tão bons ("eu"!) geômetras para retas ideais, irreais, surreais em Dali e outros daqui e acolá..
Fora dela, da esfera onírica, na existência, que nunca é uma esfera ( perfeita! Não, mas sim imperfeito, por fazer, por realizar, na polaridade oposta do maniqueísmo do homem, desta doutrina que oriente o homem e o animal em natureza de bússola e estrela polar, não apolar, branca no pólo ); quando muito, ao invés de esfera, é um esferóide, formal e real, em forma e conteúdo, forma ditada pela substancia; enfim, um traço que demarca uma esferóide, que é a ideia pousada ou realizada, exprimida pela captação da realidade pelos sentidos, oriunda do fenômeno, que traz á baila o mundo natural. Fora disso, o direito é mera tensão ( tensão espaço-tempo ocasionada pelas várias espécies de polaridades : frio-calor, negativo-positivo, velho-novo, macho-fêmea, inércia-movimento... :as maniquéias que movem o universo e o pensamento do homem, mormente para a ciência e tecnologia ) : Tensão ou espaço tenso, intenso com a junção-tempo, que é a polaridade ideal do espaço (senso interno ao homem e animal ), oriunda do pensamento do homem e do animal que percebe com seu aparato inteligente ( seu senso espaço-tempo esticado e "estilingado" nos sentidos tensos), a qual, enquanto captação fenomênica, funciona consoante a vontade que fica entre a idealidade, no homem-geômetra, em curva de esfera perfeita ( circunferencia) e esferóide, ou seja, próxima ao desenho da ideia, que é o desenho geométrico ingênuo-euclidiano da circunferencia : uma inexistência.A circunferencia é uma essência do homem, posta em geometria, pleo homem geométrico, mas não uma existência, não uma tensão no mundo : uma tensão no homem, um dos pólos da maniquéia. O homem e o animal é um dos pólos da maniquéia, que no homem é doutrina, ou enriquecida com doutrina; no animal é senso prático.
A concepção de perfeição, que está no direito e em toda parte, está contextualizada em Aristóteles, ou pode ser contextualizada lendo o filósofo, porquanto é uma concepção dada pelo estagirita ao abordar a circunferencia, que é o " em torno"(per) feito: a circunferencia é um em torno, um anel, que , em natureza, fora do espaço geométrico, se anela esferóide, próxima à idealização da esfera na circunferencia. Este conceito de perfeição nem é uma ideia, mas uma mera descrição da circunferencia, ou seja, um conceito "concebido" na geometria, que é uma língua-linguagem destinada ao simbólico puro, ao espaço-tempo não fenomênico, mas meramente conceptual, intelectual; um puro pensar ou aprimorar o pensar.
A circunferencia dá uma ideia da ideia, da ideia platônica, bem como todas as figuras geométricas. Figuras que se iniciam e finalizam em si mesmo, criando ou abrindo um espaço ou buraco ( negro) e brusco de espaço no espaço, esquecendo ou eliminando o tempo e o mundo real das coisas observadas através da fenomenologia. São paradigmas da abstração ou da capacidade do homem de abstrair através de conceitos desenhados, figurados, ou escritos, em símbolos ou signos. Signos que algumas vezes são símbolos e símbolos que são signos, conforme a escrita hieroglífica ou alfabética.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

MACACO - NAZCA ( wikcionario wiki wik dicionario enciclopedico filosofico cientifico hoauis )

Olhos desmancham casas
Olhos do passado desmancham casas
- olhos passados
sem olheiras
sem olho para olhar
solapada as pestanas
não mais sobranceiros sob as sobranceiras
ou ansiosos para iniciar ato
de olhar os lírios
onde vingar essa flor-de-lis
lírica mas sem lira
desmantelam casas
imóveis na água da loucura
( água de paul pútrido
parada na lagoa )
inanimadas casas
sem alma de habitante vivo
com a alma em desgraça
aos trapos farrapos
de seu morador solitário
em permanente solitude e abandono
minado pela demência precoce
Olhos demolem casas
- olhos que demoram em casas
demolem com o olhar
essas casas de paredes escassas
quase sem massa
com reboco caindo pelas tabelas
as janelas com olhar perdido
- o olhar derriba
( Casas são filósofas cegas
- Filostrato durante o mecenato
de Septímio Severo
de origem berbere-púnica
pai de Caracala
imperador de velha Roma
cujo busto em alabastro
está em museus capitolinos
- um sofista na obscuridade de Sofia
cerzindo sobre o tecido vivo
das vidas dos sofistas
no livro "As vidas dos Sofistas"
o tecido morto de história
porque todo livro é uma mortalha
em companhia de máscara mortuária
enfim : um "Livro dos Mortos"
para os vivos
exercerem o poder
de ressuscitar o passado
com a vara de condão no verbo
do "Bruxo do Cosme Velho" )

A água nos olhos d'água
vão erodindo casas
Olhos derrubam casas
deitam-nas ao chão
deixam-nas sem o sustento do olhar
abandonam-nas sem pó de ananás
nem guarda-pó
sem substancialidade alguma
- insubstante
sem substrato
não obstante a essência
formada pelo plantio
da idéia em terra mental
do Platão inteiriço
não na forma do ouriço
porém sim na do homem
pois nada no homem
nada mais que a idéia platônica
desenhada em espaço opaco-fusiforme
dos peixes dipnóicos ou não
no cardume das sardinhas
e há lampreias mixinas dugongo
enguias garoupas moréias...
- tambaqui aqui
carpa lá
( Arcanjos demolidos
imolados
são casas
santas casas
velhas casas
velhas e casas
que se "moraram" reciprocamente :
A casa dentro da velha
e a velha senhora dentro da casa
E se enamoraram
também reciprocamente
que o amor é um reciprocar
florir cá e florescer lá ( lá lá la'...)
Entretanto nem pó deixaram
para pisar o rastro
do sapato
do filha da filha do neto da neta do tataraneto...
das gerações que vão
calçando a paixão
no coração
que se faz de si
gato-sapato )

Olhar para o passado destrói casas
quando no verbo
quando o ato
é ato fictício de verbo
está no logos ou lógica
ou logosolfejo
pois este olhar verbal
sem olhos que vejam
sem fotografia à luz da luz
acha uma casa
que já nem é casca de casa
está no pó
do anjo caído
decaído nos escombros
se anda há os escombros
nos ombros do estivador
visto em noite
sem luz alguma
pura treva
Evoco a casa de um Tassiano vereador
( o Tassiano vereador
em casa "quase" contígua
não fosse o movimento da língua
na escrita ainda em mão parada
presa à concepção platônica
que desce à acepção
por mãos postas de modo patético
acatando com humildade
a definição do significado
não lido ou escrito
no significante do vocábulo "contíguo"
que pode estar em acordo contigo
mas não comigo
nem em Celta de Vigo)
- habitação olhada na esquina
vista na esquina
até esboroar-se
em casa do não-vereador
do não-Tassiano
em não-casa
para fora do verbo
em implosão-explosão
sem feixe de gás metano
que se alinhe ao rés-do-chão
e redefina no fino traço do desenho
- o redesenho geométrico do motor Otto
- do engenheiro que leu em natureza
o ciclo Otto
e entendeu projetou e construiu
o motor a combustão
observando o peso do gás deitado
ao rés-ou-ao-rás-do-chão )
A demolida casa do homem morto
ao ser comprada-vendida
( que a alienação é troca mútua
aliada alheada do escambo )
é casa no passado
casa-caso no paço-passo passado
do verbo em sandálias pesca-atum-esturjão-anchovas-...
casa-e-caso no pretérito
caso-casa ou caso-que-era-casa-e-virou-caso
na casuística-mais-que sofística
casa-e-caso-por-acaso-decaídos-em-casuísmo
jurídico-sempre-jurídico
e no passo do passado de sapato
em passo de sapato no paço passado
demolido
removido
da instância dos olhos
se paço havia em descompasso
com o passo no sapato
no-nu ato do pé
arrastando sapato e alma
passo-a-passo
até o paço do governador
das minas gerais não
mas sim do filão de ouro das minas gerais
( das não-minas gerais
do não-ser as minas gerais
em Minas Gerais
em governo e povo e terra
escrita-descrita na parábola cartesiana
de João Guimarães Rosa
outra voz do "pobre Aphonsos"
"em tristes responsos"
pelo caminho torto das minas gerais
no sapato de Minas Gerais )
e outro ato no olho vivo
( olho-que-tudo-vê-e-olha-enxerga-...)
existente
descontente
insurgente
insurreto como o sol preclaro
desmanchando casas escuras e zumbis
mas amassado em massa densa
dançando aritmicamente no compasso
amarfalhado em olho insone
que olhou o vivo ao vivo
dentro e fora do sono
com luz para sonho
e treva para sono
( sol solto dentro do corpo
e da mente iluminista
- humanista!
que há humanismo
desde a Grécia dos deuses antropomorfos
com os deuses antropomorfos!
pois o antropomorfismo dos deuses gregos
exprime um humanismo intenso
na mitologia-científica-poética-já-quase-com perspectiva-filosofante
dos gregos de Hesíodo-Homero
ou o que signifique e significou
no corpo do antigo significante desenhado em língua grega antiga
esse par-ímpar : Homero-Hesíodo )
e depois no olho morto
em células epiteliais
que coexistiam com a casa antiga
na trempe do tempo
construído ficto
pela substância mental
posta no verbo
em ser de lógica
ou logos
substância que faz
do olho vivo
o olhar morto
- do morto
mirando o frontispício
do hospício
casa antiga
morada da loucura
com "habitat" ou nicho em loucos
e não nas casas
sob a casca das paredes-meia
do nosocômio público ou privado

O olhar desmancha casas
pois não se olha para o passado
porque não existe pretérito
senão na verborréia cor-de-rosa
do olho na rosa banhada pelo sol
às mancheias de cores
ocultas no branco do lençol do fantasma solar
desveladas por Isaac Newton com o prisma

Casas só não são demolidas
pelos raios emitidos pelos olhos
ou pelas ondas de luz
nas quais os olhos vão de carona-na-canoa
até a casa mau-olhada no assombrado
onde se esconde no sonho
pois no mundo onírico
não há dessas "tsunami"
que arrastem casas
como se fossem
brinquedos da natureza
em fúria infantil
( A fúria da criação
que é o Criador
germinando na alma da criança
está nas crianças lúdicas por excelência
- e a natureza é sempre uma criança!...:
"El Niño y La Niña"... )

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

ORNITORRINCO (wikcionario wiki wik dicionario filosofico cientifico))


Uma língua em geóglifos
cantaria na ave...!
- está escrita no pássaro
canta na concepção melódica da ave ...:
e por essa música "geoglifada" na partitura avícola
descreve-a conceituando em genes
na forma do corpo anatômico e fisiológico
geométrico corpo
da ave concebida
quase sem pecado
não fosse a concepção geométrica do ser
que apaga o ente
Essa linguagem em geoglifos
- está escrita no poeta!
porquanto na alma do poeta
canta um idioma em geoglifos!
incrustado no espírito
nada santo
e paradoxalmente todo santo
se não se apegar aos fracionamentos
a revolver o homem em camadas sedimentares
dentro do poeta
o qual sobrevive no interior do homem

Todavia o homem
- o comum dos homens
não tem o poder de ler
em idioma geoglífico
graças aos seus apodos
anodos catodos geodos
e tropos : litote antonomásia
sinédoque hipérbole metonímia
metalepsia perífrase
- graças à Polímnia! :
Musa da retórica
- graças às três graças
e graças à sua graça na garça!
ó garça no paul
branca na vela da luz solar...:
- e graças à sua graça
"Stela" bela
- beta na manhã
alfa à noite

Um idioma em geóglifos
nem pode ser lido
em logos de homem
Somente pode ser ouvido
e lido na lida da escrita
naquele ato de poeta
no vidro da vida
- mas não na literatura do poeta!,
a qual dá à ciência
um pouco da esmola sapiencial
em vocábulos polifônicos
na terminologia de Goethe
Dostoievski-Modigliani
Chopin-Champollion
Platão-Planck
Euclides-Descartes
dentre outros poetas
oriundos do fundo
- do mais profundo
das várias línguas
que são linguagens
metafísicas ou matemáticas
cuja poesia
não pode ser escrita
pintada ou esculpida
senão na alma
do ornitorrinco e do ornitólogo
do macuco e do maluco
que é o homem
( - e somos nós!
poetas soterrados
por camadas geológicas da terra
no corpo e fora do corpo
ao montes nos montes
e pelos montes amontoados
em montanhas e serras e cordilheiras
vincadas pela escrita geoglifica do sol
que não lê em cuneiforme
nem tampouco em hieróglifos
grego copta
ou sânscrito dos sânscritos )

A língua geoglífica
haurida do cosmos
desce ao anjo natural
mensageiro dos poetas
porque tão-somente os poetas vitais
virais e vitalícios
e poetisas tais
( mais que tais! :
a mulher é muito mais vital-viral-vitalícia...)
têm acesso a ela
exposta em estela
ou quando amarela
na folha de outono
escrita ali
ou na asa da borboleta amarela
que passa pelo amarelo
o amarelo-canário ou ouro
pintado no espectro dos olhos
dos pintores impressionistas
à la Claude Monet
um poeta-vaga-lume de luz radiante
- ambiente

Contudo não podem escrevê-la
na sua poesia
os poetas
- mas apenas na sua alma!,
porquanto é um código
praticamente intraduzível em outro idioma
apenas passível de versão
em outra linguagem
ou outra língua
enfim, em língua-linguagem
para além de qualquer escrita para leitura e literatura
pois não está arraigada
no depois temporal do verbo
o qual inventa e emite
um tempo para inexistência do homem
- tempo para homem morto
que não tem mais tempo
junto às ervas verdejantes
esparsas nos passos dos caminhos plantados com os pés

A aventura de traduzir
tal língua em vernáculo
ou em qualquer outro código linguístico
ou de linguagem
é algo assim como fazer tradução
do galo para o francês
ou do francês ao galo
- da antiga Gália
onde vivia o gaulês
no geodo do corpo
escrito com genes
em um código de comunicação em geóglifos
- um dentre infinitos códigos de comunicação geoglífica
se há algum infinito
em linguagem matemática "algebricada"
que pensa o todo
e mais que o todo :
o infinito
e o nada
outrossim algebrizado
- o nada que denega tudo
nos atos dos matemáticos
apóstolos dos poetas
e dos filósofos na nadificação
- do nado ao nada
( e do nada ao nado?!... )

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

CIÊNCIA ( wikcionario wiki wik dicionario wikipedia etimologia wapedia )

A maior parte da ciência é arbitrária, ou melhor, arbitrariedade, está fundada no livre-arbítrio, o que quer que seja esse paradoxo ao modo grego de ser ou de por o ser nas coisas originárias da natureza e nos entes cuja origem é o fenômeno.
Aliás, os sábios gregos observaram paradoxos em toda ciência, por mínimo que fosse o enunciado ou a presunção de que o Direito hoje tanto se arroga peremptório como todo produto da ignorância, senão da estupidez desarvorada. Sequer há uma definição adequada de ciência, mesmo porque o que há de ciência é exíguo no vasto universo de conhecimentos não descoberto ou inventado.
Para os antigos sábios e eruditos da Hélade, o paradoxo era maior que o conhecimento e ainda hoje o que a ciência construiu em conhecimento é irrelevante ante o universo ou mesmo para estudar uma partícula ínfima ou ainda algo que está no cotidiano, um artefato, uma coisas, um produto natural ou que quer que seja, o ser humano não consegue saber nem conhecer nem um por cento do que estudou ; isso só mostra que o paradoxo é algo maior que o conhecimento humano : o paradoxo de conhecer, pois conhecer é paradoxal, na raiz do conhecimento está implantado o paradoxo.
A ciência ou conhecimento cientifico é mínimo, menos de um por cento de conhecimento e o restante preenchido por pseudo-conhecimento ou normas. A separação artificial ou estratégica entre ciência normativa e cognitiva é fictícia ( na "didática" talvez esteja esta desculpa para a falha gritante ) , pois a maioria dos "conhecimentos" da ciência cognitiva são meras praxes e ordens ou normas, ou seja, toda a ciência, excepto por um percentual mínimo, insignificante é normativa, não passa de um conjunto de normas ou ordenamento ( uma forma de policiamento feito através das normas do Direito positivo : as leis, decretos...).
A ciência se bifurca em fenomenologia e, basicamente, física. Dicotomia maniqueísta.
Estas as ciências : fenomenologia, erudito campo da filosofia ou metafísica, que vasculha o pensamento e o fenômeno do pensamento e dos sentidos em conjunção e separadamente ; e física, as ciências práticas, diretamente aplicáveis por técnicos treinados e versados em determinados campos científicos que os propiciam conhecer as técnicas ( tecnologia ) e aplicá-las ( técnica ou engenharia ) sendo o resto técnicas ou métodos ou meras aplicações : medicina, fisioterapia, engenharia, Direito, sociologia, biologia, antropologia, etc.
O estudo do fenômeno ou fenomenologia também é chamado ( ou poderia ser ) de filosofia, metafísica, ontologia, epistemologia, enfim, tudo o que se debruça sobre o pensamento ou sobre o ser que "anima" (alma) o ente. São fenomenólogos os poetas, filósofos e pensadores livres, bem como todo artista e religioso ( político). Político no sentido originário do termo e no melhor sentido, o homem religioso de fato ou em ato é o santo, um artista da vida e um artífice na prática da ética e um elucubrador de uma inovadora noética. Vide São Francisco de Assis, ou o profeta João Batista ( São João Batista cristão é quase outro profeta, nos fatos que constituem os evangelhos, que o coloca submisso a Jesus um homem temerário e insubordinado, de natureza indômita e pura, merecidamente figura ( geométrica?! num sentido geométrico ainda não explorado) mui aclamada em duas ou mais religiões, graças ao seu carisma e inteligência excepcional adicionada a uma coragem, uma força de caráter de herói : um dos maiores homens da humanidade, no que consta da lenda e do mito, evidentemente, pois ao homem ( enquanto ente ou "coisa" historial não chegamos, senão por via dos fenômenos imaginados, paginados em livros santos ).
A física, por seu lado, foca o "logos" nas coisas, mascarando-as e confundindo-as com fatos naturais, os quais são fenômenos, não coisas, mas manifestações do ser no ente, no fenômeno, objeto de fenomenologia da física, mas não de física enquanto técnica, que lida com as coisas, pois o ser humano pode entrar em contato com as coisa por meios dos sentidos, mormente do tato, senso táctil, que dá a noção de textura e pressão , dentre outros fatos que envolvem coisas ou realidades, que as circundam. aparecem aos sentidos, mas não considera o fenômeno, senão vagamente, porquanto o fenômeno não é seu objeto de estudo.
A física estuda o nada das coisas, a nadificação que resta ao se ignorar os fenômenos e se debruçar sobranceira sobre as coisas ou fatos, campo da técnica e , evidentemente, da tecnologia, cuja língua é a escrita e a linguagem utilizada para a notação da percepção é a matemática, cuja linguagem é simbólica e, às vezes, faz uso de signos ( letras gregas) como símbolo e não significativamente.Há na física uma confusão entre o que é seu objeto e os objetos que concernem à técnica.Na sua falta de saber e conhecimento truncado, a ciência se mescla com a técnica ( tecnologia ) e arrota sucessos, que são técnicos e não científicos. Obras do fazer e não do saber ou do conhecimento que partilham a maniquéia presente no universo e no pensamento do ser humano.
A física se louva nas coisas e fatos enquanto a fenomenologia, no caso específico da palavra dada : ontologia, tem seu fulcro no ser e em outros aspectos do ser insulado em objetos para a epistemologia, a ética, a teologia, etc.
A fenomenologia é o estudo dos fenômenos, que são atos voluntários e involuntários do ser humano e dos animais, quiçá do vegetais e minerais. Não? A fenomenologia estuda atos, e o faz por meio de objetos, dos objetos que desenha em conceitos, geométricos e linguísticos, semânticos.Geometria, semiologia e semiótica, além de contexto ( interesses os mais variados, desde o político, o religioso, que é a primitiva forma da política e outros controles sociais).
A física em objeto desenhado para cavar os mistérios e véus da matéria e anergia que, ao formar a matéria, ou ao contê0-la em sua geometria antropocêntrica, dá a coisa, que a físcia tem pretensão de ser seu objeto, conquanto coisas não podem ser objetos da física, enquanto ciência, mas somente da técnica e da tecnologia, que já não é mais física, mas métodos e técnicas passadas pela palavra e pela linguagem matemática, algébrica, aritmética, etc.
A fenomenologia tem como objeto o conhecimento e a física, idem. Nenhuma ciência tem seu objeto no saber ou sabedoria, que fica para ser explorado e explanado em amplo espectro pela literatura e demais linguagens que toma de empréstimo à cultura as manifestações artísticas : escultura ( grafia e desenho estão neste espectro, bem como toda a geometria euclidiana ou não-euclidiana ).
O saber ou sabedoria, algo vital, algo que está em vida e é vivo, escapa à ciência e só pode ter seu campo de estudo através do pensamento vegetativo e, ao mesmo tempo, racional da literatura e artes, pois não constituem objeto de estudo, porquanto a vida não é objeto de estudo ou indagação : a vida está nos atos e os atos não estão parados nos fatos dados pelo verbo ou pelos símbolos que representam fatos.
Não confundir objeto com coisa ; objeto é conceito, coisa não; conceito é o que pensamento humano desenha ( em figuras geométricas ou geometrizadas, que é a forma grega de desenhar, a forma basal do desenho ou debuxo na cultura ocidental, desde Euclides ( de Mégara?) ) e põe em palavras ( desenho da grafia com signos e símbolos ).
Conceitos são, portanto, percepções humanas através do fenômeno : são fenomenologias quando mentais, racionais ; enquanto coisas não são talhadas pelo homem, embora sim pelo fenômeno, quando esta ( a coisa) entra e sai do homem enquanto objeto de percepção e razão ; porém então já não é coisa, mas objeto. Coisas estão no espaço e tempo aparentemente ou realmente fora do homem, na existência; objetos são concepções mentais, algo que o homem "pariu" ou concebeu ao pensar : objetos são entes do pensamento, entes humanos ( signos, símbolos são objetos, dentre outros inúmeros, miríades de insetos nos quadros de Joan Miró).
Objetos são essências, formas de pensamento por signos, símbolos, sinais, desenhos, palavras, etc.
Não obstante, a palavra "coisa" é um objeto, pois não está em natureza, mas presente em cultura, pelo ser,quando colocada como objeto do "logos" ( lógica, palavra), enquanto vocábulo ou conceito e não a coisa mesma ou "coisa em si", no jargão kantiano.
Quando o pensamento, que nada é senão o homem alienado, ou seja, o ser humano enquanto ser que se separa e se aliena na razão, na figura conceptual do filósofo ou enquanto se arroga cientista ou artista, enfim, daquilo que não é o homem integral, mas parte do homem, ou seja, metade do homem ou um percentual do homem, que é o ser integral em seu coro e mente, podendo e capaz para todas as atividades humanas : apto a ser monge, que é em si, ou advogado ou cientista ou filósofo ou poeta ou o que quer que seja, inclusive assassino, predador, pois está em sua natureza animal, de centauro, de fera.
O homem é tudo o que existe em potência ou potencial em sua essência ou pode ser tudo o que quiser, inclusive rei, porquanto já o é de fato usurpado dessa função precípua pelos pseudo representantes " do rei" ou povo, que é outro nome para regente : pode ser o homem um filósofo, sacerdote, poeta, gari, monge, enfim, toda a realidade do homem está no homem e toda a realização,; porém, não na concepção abstrata de homem, mas no homem real, o indivíduo ; todavia, o próprio pensamento, que é a fonte do conhecimento, mas não da sabedoria, separa o homem dessa realidade e da realização em si de tudo o que é e do qual é usurpado : o homem, todo homem, enquanto indivíduo é o rei usurpado do trono pelos seus "representantes" simbólicos reais e "majestáticos", figurinhas de naipe, do naipe do baralho ou do tarô ); renovando a frase anterior à esta digressão: quando o pensamento dá o ser, põe no ser o objeto, o "ovo" do homem, o que não ocorre na coisa ( a dita ou maldita "coisa em si" ou em natureza ) que não cabe em objeto, pois o objeto é feito com abstração ou alienação de toda a realidade natural circundante : é técnica matemática que a filosofia e, quiçá, antes da filosofia ou junto ao ela a geometria concebeu.
Talvez a geometria tenha sido a primeira ciência a conceber o objeto em conceitos que desenham e postulam, ou seja, põe o ser : postular é por o ser. Possivelmente foi a geometria a primeira ciência focada sob atos, cujos objeto foi atos ( atos são sempre humanos : a natureza nos fornece fatos, pois ao olhar para o mundo natural já chegamos atrasados a anos luz, se for estrelas, ou a poucos minutos, se for um ato que acabamos de perpetrar agora, que é fato menos de um segundo depois de cometido, quer seja um ato criminoso ou caritativo).
Os atos na geometria são os desenhos geométricos : "design" originários. A geometria é uma fenomenologia que estuda atos; a física, deveria estudar fatos, se não confundisse fatos, que vem de fenômenos, com coisas, que são objetos da técnica.As coisas somente são objetos quando o homem enquanto alienado em inventor ou artífice ou artesão põe a mão no objeto ao invés de por o ser.
Por o ser significa que o homem em ato, em pensamento e ação física, põe o fenômeno percebido ou o ato transformado ( e transtornado pelo paradoxo!) em fato posto ( não-ser) pelo verbo ( a língua, as palavras) , pela geometria, matemática, técnica, etc. O fato, em contrapartida ao ato, que é o ser, o que se apresenta no presente (redundantemente! ), sendo o presente o único tempo real, ou tempo de ato, é, ao contrário do ato, seu antípoda : o não-ser, ois o ato sempre está no tempo natural enquanto o fato está tão-somente no tempo verbal, geométrico, matemático...enfim, num tempo em essência, penado, imaginado, ou real e existente apenas mentalmente, mas não na realidade ou no mundo natural, onde o ato já é dado como fato pelo fenômeno que só capta o ser no real, pela sabedoria ou saber que prova o mundo no momento existente.
Quando o homem põe a mão para fabricar ou aperfeiçoar objetos, ocorre a técnica, e então o que era coisa se transforma em objeto ou coisa realizada num objeto, num ato humano integralmente voltado para produzir fatos. Campo de estudo da física, que deveria estudar esses fatos realizados e não coisas fora do foco, envoltas no véus das trevas e da luz.
Quando o homem põe o ser sobre as coisas, cobre, oculta, vela as coisas sobre o véu do ser, então dá-se o desvelamento, que o pensador pré-socrático denomina "Aletheia" ( desvelamento, retirada da luz e da sombra, o que é impossível ao olho para ver com a mente platônica "aquilo que é para o homem : o ser e não a coisa é o que é para o homem, o fenomenólogo). Esse desvelamento ou aletheia é uma mescla de conhecimento e sabedoria, ato do pensamento que permite saber da coisa, arrancar-lhe o véu ( de Maya, Maria, simbólica, alegoricamente na arte e na religião e misticismo, que são arte de outra cepa...)
A sabedoria ou saber ( saborear o mundo, as coisas ), diferentemente do conhecimento ou erudição, cuja base são signos e símbolos, não são objetos mentais, mas encontros com coisas viradas em fatos pela elaboração da percepção, que produz , em seus atos, ou em atos humanos, fatos, cuja "matéria-prima" são as coisas. O saber é percepção viva e não mera lembrança ou memória de mente morta no fato, fria no fato. A sabedoria ou saber é ato ( e ato é algo vivo, no feixe que forma o tempo com o espaço) e não algo que já passou ( fato), que derivou de atos.
Atos passados são fatos, sendo que o passado é apenas vivo no verbo e não em natureza; logo, não é algo real, posto junto com as coisas e os fenômenos, mas atividade separada, memória do tempo, que nos fornece a primeira forma de leitura da vida e das coisas e a primeira ciência e literatura.
É a literatura a forma erudita que cria ( ou inventa?) a possibilidade de ciência pela físcia e filosofia passando pelo mito e pela lenda, forma oral.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

SALVADOR DALI ( la hora triangular, imagem paranoica astral,ambivalente, wikcionario )


Olhar a obra de Chagall
é um desafio poético
além de pictural
- uma invasão à filosofia vegetal do artista
pela decodificação do pensamento vegetativo
do poeta plantado em jardim próprio
- próprio Jardim do Éden e das Hespérides
ambos silvestres dentro do corpo pensante do poeta plástico
- corpo de fauno
para não titubear na semiótica
quando da leitura e posterior escritura
dos geóglifos individuados em cada ser
pelas circunstâncias naturais
e o contexto historial do indivíduo
que é tão único
que não se pode buscar o homem morto
nos rastos de seus filhos na aurora
ou na noite tenebrosa
porquanto os filhos possuem dele
e postam dele no ser
um pedaço desprezível e amuado daquele ser
que na filha vira em muxoxo feminino
pois na reencarnação possível
na graça da escrita genética
o karma é outro
- outros atos e fatos
fazem um ser
que guarda do homem morto
apenas o rasgar do espelho na água

Observar a pintura do artista surreal
é proceder a uma devassa no espírito do filósofo
o qual tem o poder de minorar ou majorar a engenharia na vida
porém não tem poder algum sobre a vida
assente na planta da alma
nem quaisquer recursos contra ou a favor
dos ventos que sopram a alma para o interior da árvore da vida
( a árvore em ritmo de folhas e inflorescências
dentro do corpo humano
que é outrossim um corpo de fauno
meio a meio em anatomia e fisiologia para homem e fauno
- sopra de dentro do anjo que está dentro da forma arbustiva
herbácea ou arbórea
ventos para tocar o veleiro alegórico de Salvador Dali
- que é salvador dali
mas está sempre aqui
- no coração do fauno
o qual é a vida ou alma vegetal
alma em vegetação ou Flora
e na mixórdia do mito
- rito bizantino responsável pela mescla massiva
que faz o animal e o homem
emergindo do corpo anatômico e fisiológico do animal
desenhando a geometria no corpo metafórico do fauno
nos projetos em debuxos e gravados
que faz a poesia nascer
na alma do poeta
- e com a poesia se desenha o corpo humano
anatômico e filosófico
fisiológico e científico
( A poesia é uma clorofila em verde
impregnada na alma do ser humano
e uma pérgula com um anjo azul
e outro anjo sorrindo surrealista
na alma de Salvador Dali

Ah! e a queda do anjo!
com anjo feminil de Chagall em queda livre
com todo o entorno tecendo as circunstâncias :
- com um violino mudo
sem mãos de violinista que o toque
baqueta em cruz
( tudo desenhando um pré-violinista
filho da álgebra árabe
e da geometria grega
duas filosofias para as artes )
violino cruzado-cristão!
ou em cruz sobre o túmulo da música
na estrada cristã
pois a cruz é uma asa desajeitada
que os incautos imaginam que tem a capacidade de voar
além das águias e do falcão peregrino
grudar céu no azul
- no alto azul )

Sol amarelo
vela pálida
burro lívido
mulher com criança ao colo
Cristo crucificado
transeuntes basbaques
com a aldeia ao fundo
casas tortas embriagadas
em passo trôpego de ébrio
que chega da noite pelo rasto alvo da manhã
refletida no orvalho hialino
e figuras negras se retorcendo nas trevas
atrás do feminil anjo escarlate
em túnica carmesim
caindo da altura do céu
- do céu da alma de Marc Chagall!
poeta plástico )

Pairar com o olhar mergulhado sobre a obra de Chagall
é um desafio estético e sapiencial
não de mergulhão
com o cérebro nadando no sangue do peixe
( mergulhão-de-alaotra
ou grebe-de-alaotra
mergulhão-de-touca... )
e procedendo a um périplo pelas Antilhas
respirando água e terras ilhadas
no mar do Caribe ou dos Caraíbas
que foram extintos pelos arrivistas )

Por os pés dos olhos nos caminhos pictográficos de Chagall
é uma invasão bárbara à gnoseologia do autor
empreendida pelo pensamento vegetativo
do poeta aberto ao espaço e tempo da vida
- uma devassa na alma do artista
que fica num enclave entre o vegetal
e o sistema nervoso vegetativo
que desvela o universo em poesia
e a vida em glicose
com uma simplicidade e de uma forma tão versátil
com versos em hemistíquio
e melodia em cacofonia para diatribe
( Alma é flora e fauno
e não o avantesma cristão
- velado abantesma! )

Admirar a obra de Chagall
é observar o homem morto
emaranhado em sua criação
retratado nas suas invenções
codificado na vida
através de signos e símbolos
que fabrica a linguagem poética e matemática
ambas em lógicas diversas
para cada sistema encefálico :
o sistema nervoso central
e o sistema nervoso autônomo
dois modos de pensar
sendo s sabedoria concernente ao sistema vegetal
e o conhecimento ao sistema nervoso central
que limita o ser humano à razão e sensibilidade
( sistema canhestro e anti-fauno )

O artista é irracional
pleno do fauno
quando grafa e pinta a poesia plástica
em sua obra de arte
submetida às normas de uma gramática
que atravessa o imaginário
- arraigado na raiz
que bebe do pensamento em terra
onde está a erva assente
( As ervas andarilhas
são amazonas galopando na ventania
à revelia da credulidade dos estultos
porquanto são filósofas cínicas
compêndios e enciclopédias vivas
com o sistema nervoso autônomo
simpático e parassimpático
que pensa a alma dentro de uma arquitetura
a qual realizam na estrutura de uma engenharia
para ervas formas arbustivas lianas trepadeiras em pérgulas
e outros agentes vegetais
que sintetizam e mantêm a vida
enquanto houver alma na atmosfera
e não sobrarem apenas as bactérias anaeróbicas
- as quais não respiram por alma
ou não captam a alma
nas camadas do ar

As ervas peregrinas
são cépticas no que tange ao Apocalipse
e outros eventos-sonhos ou pesadelos
que pesam nas pálpebras do homem que dorme
- quase como o homem morto
que será um dia
ou noite sobre o dorso do negro corcel a galope desenfreado
levado para nenhum apocalipse real
porém apenas para um ritual em teatro
- sempre religioso é o teatro
a cantar o bode ou Pã
ou outra encarnação mítica
que a miragem do homem no deserto
faz crer real )

Nietzsche transcreveu
num racionalismo irracional
sobre o que há de radical na tragédia
pois a vida é trágica
irracional e vegetal
e pensa a alma pelo método vegetativo
que é uma bifurcação do pensamento
nas terras conquistadas pela floresta das amazonas
- pela amazona que cavalga e apeia da lenda
numa versão feminina de Alexandre Magno
cavaleiro originário da "Magna Grécia"
cuja onomástica não tem compromisso com a historiografia
ou quaisquer outras ares de ciência
sem licença poética

O poeta é irracional
no que põe o ser em hieróglifos
sob forma de poesia
ou vegetação interior
- arraigada ao solo
e aos símbolos nos geóglifos
que dança a dança das três Graças de Canova na poesia
Empunhando o clarinete
bebe o pensamento da terra
que Nietzsche transcreveu
numa racionalização do irracional
posto na solenidade dramática do ritual trágico
pois a vida é tragédia irracional cantada em coro
e vegetal em soro

O vate pensa a alma pelo método vegetativo
sendo o filósofo natural
propagando a filosofia do sistema nervoso vegetativo
esparso na inflação das ervas
exércitos que tomam tudo de assalto
- até a alma
que é uma parte de erva no fauno
( O irracionalismo do filólogo e filósofo alemão
tem um quê de vegetativo
Aliás, é todo o pensamento vegetal profundo
- um pensar vegetal ou vital
a perambular pelo corpo do fauno na vida
e na alma pagã
- que é a vida em verde )

O artista é racional entretanto
ao se utilizar do conhecimento erudito
que é uma forma mitigada
do pensamento vegetativo
mais ancho e criativo
- pensamento criador
( O criador está no núcleo deste pensamento
arraigado nas ervas do sistema nervoso vegetativo ou autônomo
que cuida de manter a alma viva e pensante
na criança com a primavera no corpo
no jovem na intersecção com o fauno
a flora ninfas nereidas
Afrodite Calipígia
Vênus de Milo...
No que tange a lira lírica
concernente ao adulto e ao velho
com a devastação do inverno
e o advento do outono amarelo
- amarelo cavalo do Apocalipse da amazona
com inflorescências amarelas em clarim e trombeta
ressequidas floradas no fim do lilás
do saxofone em fim de improviso musical
a soprar anjos que caem
no tombar das folhas decíduas
de planta caducifólia... )

Ler a obra de um artista
é um trabalho ingente
porquanto demanda uma leitura bifurcada
que se estende da leitura viva do leitor
à leitura morta do poeta
que levou consigo todo um tempo irrecuperável
debaixo do rosto de hera e lodo
que a chuva trouxe
e semeou ao pé do jazigo triste
- de uma melancolia inenarrável
em cada gesto dos operários que o erigiu
ou nas palavras piando desamparadas na lapide
- palavras perdidas
que lembram uma ave perdida de sua mãe
a piar desesperadamente
- o inútil pio do pio ser
( do Pio Papa! )
desenhado por toda a parte
sempre na forma da "Piedade" expressa por Micheangelo Buonarotti
que vaticina toda a dor da vida
com Maria Pia
pranteando o homem morto
no filho morto
- morto em Cristo!
...para a morte eterna

Chagall apenas se lê
e se torna surreal
no canto do galo
quando a alma vem em olhos de quem lê
- de quem abre os olhos dos signos e símbolos
na manhã álacre com o passo no pássaro
que canta todo o candor impresso na barra da alva
ou na flor de laranjeira
flutuantes na alma vegetal das noivas do pintor
( Alma é sempre vegetal
- glicosídeo que sustem a vida
em sintonia fina com o significado em latim )

O pintor da aldeia russa
executou muitos poemas plásticos
com um violino de violinista azul
para acessar o que é celeste em Paganini ou Mendelssohn
e outro violino de violista verde
pastoreando rebanhos de ervas com o vento
em suas pastorais em silêncio áureo
- na calada da noite severa
onde se enredou a tragédia do homem morto
no silêncio do respirar dos violinos
- interlúdio
( Um Stradivarius e um Amati de Cremona )

Chagall é o homem morto
o não-ser universal do homem
que vem do escuro ao lume
e vai de volta da luz ao mar de trevas noturnas
aonde não estava nem era antes de nascer
usufruir do natal
e da curta vida de caramujo
com toda a gravidade de Atlas às costas
na costa do Atlântico ou do Pacífico oceano
- mar oceano

O homem morto eu conheço
ou reconheci na máscara mortuária de meu pai
na mortalha de alguns amigos
em peregrinação ao Hades
descendo ao Seol

Todavia a mulher morta
não conheci senão uma :
- minha avó!
Ela é a Ofélia de Hamlet pintada por Shakespeare
nos quadros com noivas de Chagall
- noivas da vida e da morte
consoante esteja a flor de laranjeira
com alma de perfume desde a barra da alva
fechando os olhos belos e jovens da noiva
com o orgasmo nupcial
após o coito subsequente ao matrimônio na aldeia russa
ou então os olhos vidrados
a contemplar a escuridão inicial e final
na solidão do espasmo da morte
- dançando com um miosótis!...

O homem morto
- a mulher morta
nesta ladainha social
é mais presente e atuante intelectualmente
ou espiritualmente
se o veículo for a religião
do que o homem vivo
- nós que estamos "por aqui!"
( imagine o gesto sugerindo cortar o pescoço
ou se preferir a cabeça dada ao carrasco )
ainda andando em pré-morte
empós o pré-natal
subjugados aos vivos capitães
aos respectivos cônjuges
que se agriolham mutuamente
( casamento putativo! )
e até aos mortos com fundo fóssil
são outros tantos capitães ou capelães
- para cobrir a cabeça
e não ousar descobrir nunca

O mundo vive do medo
que inculcam ao indivíduo
e o indivíduo é o mundo
- o universo preclaro-estelar
e tudo o mais que salta aos olhos
e cabe ouvidos adentro
- tudo que escuta ao percurtir nos ossos do martelo e da bigorna
do ferreiro em oficina no ouvido interno
que temos e somos Vulcanos auditivos
- e tudo o mais que avança e toma de assalto
o cosmos e a cosmologia
a cosmética e a cosmogonia
com a legião de captores de cheiros à frente
armada em infantaria no cavalete de cartilagem do nariz
( as narinas a resfolegar
qual corcel bravio na batalha do apocalipse
a abrir a flor em fragrâncias
em Guerras Púnicas )
- a tez que cobre o frio em corpo
( encorpado xarope com uva para o tinto das coisas
invisíveis de outro modo
- tirantes ao insensível
que viaja vago no espectro
mas não nos olhos em viés geométrico não-euclidiano )
e experiencia a tepidez da manhã anã amarela
tímida ao ser suspensa no azul
e cuja experiência experiencia ela própria
useira e vezeira da doutrina do empirismo
e no ato de auto-experenciar )
que ronda o espírito humano

Tudo e todos é o indivíduo
e não existe mais nada
excepto a nadidade
dada pelo indivíduo
posta ou postada pelo indivíduo
único ser e ente ser solitário no mundo
entre entes
- é um solipsismo de eremita
condenado a uma solidão
insulado na ilha que é
Robinson Crusoé em melancolia perene

Tudo o que está na existência é o indivíduo
- inúmeros deles isolados em si
presos à ilha de dentro
pois há miríades de indivíduos!
- e o sentido da gustação
é a ciência que demonstra num teorema de gastronomia
que tão-somente existe o indivíduo
de onde parte tudo
e nasce o mundo social e o universo
até o dia da morte de qualquer um dos indivíduos
- cada um prova o seu bocado
isoladamente
insulado no arquipélago do sabor individual
que é incomunicável